quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Guarapuava

Guarapuava é uma cidade dos campos gerais do Paraná, no centro do Estado, com aproximadamente 166,195 habitantes e uma área de 3 125,852 km² [1]. Fundada em 1810, o municipio de Guarapuava é o quinto maior do estado do Paraná e o maior produtor de cevada do país [2]. 
O nome do município é motivo de acirrada controvérsia entre os estudiosos do assunto. Aqui propõe-se a análise de três possíveis toponímias apresentadas: guráapyaba, sugerida por Caldas Tibiriçá; guarápuaba ou guyrápuaba, sugeridos por Teodoro Sampaio. 
A primeira proposta, de Tibiriçá, sugere que o nome do município viria do tupi ´gurá´, carvão, e apyaba, local de se queimar, carvoaria. Com esta teoria há, parece-me, dois problemas. Apyaba significaria lugar de queimar, oriúndo do verbo apy, queimar, e (s)aba, sufixo circunstancial, neste caso, de local. Mas apyaba poderia ser também homem macho, viril, humano macho[3][4][5]. Guráapyaba, portanto, poderia ser homem de carvão, aceitando-se o significado de gurá como tal. Aqui então surge o segundo problema: gurá não consta em nenhum dos dicionários consultados, além de, quando se encontra sobre o assunto em uma busca 'google', se encontra a palavra 'guyrá' mal grafada.  Em guarani, por exemplo, carvão se diria 'tatapyi', que é próximo ao nome nhe´engatu 'tatápuinha'.[6][7]. A inexistência de referências a 'gurá' como carvão não invalida esta hipótese, mas impede que se confirme.
A hipótese de Sampaio, de que o nome viria de guarápuaba ou de guyrápuaba seja talvez mais aceitável. Guarápuaba vem de 'Guará' (Eudocimus ruber), ave da família das Threskiornithidae, conhecida por sua plumagem vermelha, e de 'puaba', som, ruído[8]. Essa hipótese não é aceitável, posto que as guarás vivem no litoral do paraná, que dista aproximadamente 400km de guarapuava, invalidando tal proposta. Vejamos a possibilidade de 'guyrápuaba'.
Guyrá em tupi clássico, assim como em guarani moderno é pássaro. Portanto, 'guyrápuaba' pode ser ' local de barulho dos passáros, local de pássaro fazer barulho.' 
Eudocimus ruber






Municipio de Guarapuava




1-http://pt.wikipedia.org/wiki/Guarapuava
Acessado dia 25 de novembro de 2010 às 20:30
2-Idem
3-Tibiriçá, Luiz Caldas. Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi.
São Paulo. Traço Editora. 1985
4-Navarro, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi AntigoPetrópolis, Vozes, 1998
5-Idem
6-Acosta, Feliciano; Canese, Natalia Krivoshen de. Diccionario Guaraní Español Español Guarani.
Assunção. Instituto Superior de Línguas, UNA. 2006
7-http://www.indios.info/ seção nheengatu
Acessado dia 25 de novembro de 2010 às 20:45
Acessado dia 25 de novembro de 2010 às 21:00




terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nhundiaquara

No Estado do Paraná correm 11 bacias hidrográficas, das quais 9 correm em direção ao rio Paraná e duas correm diretamente para o atlântico: Ribeira e Litorânea. A soma de suas áreas é 15.019 km²[1], abrangendo um total de 29 municípios. Dentre as duas, a bacia de colonização mais antiga, no estado do Paraná é bacia litorânea, cuja colonização começa com a chegada dos portugueses à região em 1545 [2]. Nessa região habitavam índios carijós, e índios tupis. Desses dois grupos surgiu a maior parte dos nomes de rios e montanhas da região, bem como parte do código genético dos moradores do litoral e partes da cultura regional, como as rodas de fandango. As principais cidades da região são Paranaguá,  Antonina, Guaratuba, Matinhos e Morretes. Neste último corre o rio Nhundiaquara, que se torna ponto turístico no centro de Morretes, além de ser roteiro de eco-turismo.
O nome Nhundiaquara, para Caldas Tibiriçá(1985) e Sampaio (1901), é oriundo do nome Îundiákûara[3][4], que, segundo ele, seria toca do bagre. Tal hipótese se baseia em um fenômeno comum em línguas tupis: a nasalização da semi-vogal 'i' em inicio de palavra, geralmente por contaminação de uma nasal posterior. Pode-se, por exemplo, citar a expressão  ñandejara, Nosso Senhor. É uma expressão em guarani moderno, em que essa dicotomia é produtiva: diz-se ñande ja- ou ñande ña-, dependendo apenas da nasalidade do verbo. Outro ponto que pode justificar essa hipótese é a dupla forma encontrada em guarani moderno para a palavra bagre: Jurundi-´a ou Ñurundi´a [5]
Esse fenômeno também se nota em tupi antigo, em palavras como andub, sentir. Por ser verbo transitivo direto, necessita de um pronome enclítico -i-. Ao se unir o pronome ao verbo, o -i- torna-se -nh-, resultando em a-nh-andub, ere-nh-andub etc[6].
O bagre em questão é, possivelmente, o Rhamdia Quelen, conhecido vulgarmente como jundiá. É uma espécie de bagre comum nos rios do Brasil, em todas as bacias hidrográficas.[7]

Nhundiaquara em Morretes-retirado de  ochogeek.blogspot.com
1-Mapa de Bacias do Paraná. SUDERHSA, 1996
2-http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Paran%C3%A1 
Acessado dia 2 de novembro de 2010 às 16:17
3-Tibiriçá, Luiz Caldas. Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi.
São Paulo. Traço Editora. 1985
4-Navarro, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo
Petrópolis, Vozes, 1998
5-Acosta, Feliciano; Canese, Natalia Krivoshen de. Diccionario Guaraní Español Español Guarani.
6-Idem 4.
7-http://www.cepen.com.br/pesc_jundia.htm
Acessado dia 4 de novembro de 2010 às 17:00
8-http://ochogeek.blogspot.com/2010/06/morretes-pr.html
Acessado dia 4 de novembro de 2010 às 17:10