terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nhundiaquara

No Estado do Paraná correm 11 bacias hidrográficas, das quais 9 correm em direção ao rio Paraná e duas correm diretamente para o atlântico: Ribeira e Litorânea. A soma de suas áreas é 15.019 km²[1], abrangendo um total de 29 municípios. Dentre as duas, a bacia de colonização mais antiga, no estado do Paraná é bacia litorânea, cuja colonização começa com a chegada dos portugueses à região em 1545 [2]. Nessa região habitavam índios carijós, e índios tupis. Desses dois grupos surgiu a maior parte dos nomes de rios e montanhas da região, bem como parte do código genético dos moradores do litoral e partes da cultura regional, como as rodas de fandango. As principais cidades da região são Paranaguá,  Antonina, Guaratuba, Matinhos e Morretes. Neste último corre o rio Nhundiaquara, que se torna ponto turístico no centro de Morretes, além de ser roteiro de eco-turismo.
O nome Nhundiaquara, para Caldas Tibiriçá(1985) e Sampaio (1901), é oriundo do nome Îundiákûara[3][4], que, segundo ele, seria toca do bagre. Tal hipótese se baseia em um fenômeno comum em línguas tupis: a nasalização da semi-vogal 'i' em inicio de palavra, geralmente por contaminação de uma nasal posterior. Pode-se, por exemplo, citar a expressão  ñandejara, Nosso Senhor. É uma expressão em guarani moderno, em que essa dicotomia é produtiva: diz-se ñande ja- ou ñande ña-, dependendo apenas da nasalidade do verbo. Outro ponto que pode justificar essa hipótese é a dupla forma encontrada em guarani moderno para a palavra bagre: Jurundi-´a ou Ñurundi´a [5]
Esse fenômeno também se nota em tupi antigo, em palavras como andub, sentir. Por ser verbo transitivo direto, necessita de um pronome enclítico -i-. Ao se unir o pronome ao verbo, o -i- torna-se -nh-, resultando em a-nh-andub, ere-nh-andub etc[6].
O bagre em questão é, possivelmente, o Rhamdia Quelen, conhecido vulgarmente como jundiá. É uma espécie de bagre comum nos rios do Brasil, em todas as bacias hidrográficas.[7]

Nhundiaquara em Morretes-retirado de  ochogeek.blogspot.com
1-Mapa de Bacias do Paraná. SUDERHSA, 1996
2-http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Paran%C3%A1 
Acessado dia 2 de novembro de 2010 às 16:17
3-Tibiriçá, Luiz Caldas. Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi.
São Paulo. Traço Editora. 1985
4-Navarro, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo
Petrópolis, Vozes, 1998
5-Acosta, Feliciano; Canese, Natalia Krivoshen de. Diccionario Guaraní Español Español Guarani.
6-Idem 4.
7-http://www.cepen.com.br/pesc_jundia.htm
Acessado dia 4 de novembro de 2010 às 17:00
8-http://ochogeek.blogspot.com/2010/06/morretes-pr.html
Acessado dia 4 de novembro de 2010 às 17:10



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