terça-feira, 29 de março de 2011

Curitiba

Curitiba. Capital ecológica, cidade sorriso, terra de Nossa Senhora da luz, ou simplesmente Curitiba, é a capital do estado do Paraná, e também a maior cidade, com 1.746.896 habitantes em 2010[1]. Elevada a vila em 29 de março de 1693, tornou-se a capital da província recém criada em 19 de dezembro de 1853[2]. Palco de inúmeras páginas importantes da história do Brasil, a capital tingüi contém uma história muito rica, ligada diretamente à evolução econômica do Brasil.
Fundada como uma pequena vila bandeirante, Curitiba logo cresceu devido ao comércio de gado, vindo do Rio Grande do Sul, para Minas Gerais[3]. É lembrança dessa época o bebedouro do Largo da Ordem de São Francisco, assim como o portão que deu origem ao bairro do Portão. Ao entrar pelo sul da cidade, passavam os tropeiros por um portão. Ali se fixaram alguns moradores, que diziam morar próximo ao portão e próximo à rua do portão[4][5][6].
Antes da colonização dos portugueses e paulistas, habitavam na região dos campos de Curitiba os índios tingüis, responsáveis por indicar aos colonizadores a direção para onde estaria olhando a Virgem Candelária[7]. Eram índios da família tupi-guarani, habitando a zona de transição entre a cultura mais tupi, e a cultura guarani[8]. Foram, à época da fundação da cidade, liderados pelo tuxaua Tindiqüera, o qual, a pedido dos primeiros colonizadores, indicou onde ficariam voltados os olhos de Nossa Senhora da Candelária[9].
Os primeiros colonizadores subiram a serra atrás de ouro, que acreditavam haver nos rios da região[10]. O primeiro povoamento criado no atual município de Curitiba fica no atual bairro do Atuba, no parque conhecido como parque municipal histórico do Atuba. De lá, migraram para a região da atual praça Tiradentes, atrás do ponto de visão de Nossa Senhora da luz[11]. Após a mudança, Curitiba foi parte de Paranaguá, até o dia 29 de março de 1693, dia em que foi elevada a vila, e portanto ganhando autonomia. A partir dessa data, a cidade só fez crescer, e hoje, é a maior cidade do sul do país, e importante centro cultural e de negócios.



O nome da capital, aspirações poéticas à parte, signfica pinhal. Temos Kury, do tupi clássico 'pinhão' e o sufixo de ajuntamento, -tyba, existente em outras composições, como Ubatuba, Karaguatatuba, Itakuakisétuba, Abaetétuba, Aricanduva. Em guarani, kuri é 'pina, araucaria' [12][13]. O nome original, em tupi clássico seria, portanto, 'Kurytyba', ou pinhal. Mas não só de araucárias vive a história da capital. Temos alguns termos interessantes para abordar: atuba, tingüi e tindiqüera.
Atuba, o bairro em que foram feitas as primeiras habitações de paulistas e portugueses nos campos da capital, tem seu nome oriundo do rio que corta a região, e que mais tarde, ao encontrar o rio Iraí, forma o Iguasu. O nome atuba vem das palavras 'yba', fruta, e 'tyba', ajuntamento,  significando ajuntamento de frutas, pomar. 
O nome dos índios que habitavam a região é registrado tingüi. Para esse nome, apresenta-nos Romário Martins a hipótese de ser 'nariz fino'. Seria composto de 'Ti', nariz, e 'kui', fino. Tal hipótese, a princípio não se confirma, posto que os registros para fino dão 'po´i', com 'pui' em tupi moderno e 'syi' em guarani. Mas, devido à fonologia das três palavras, que são ditongos crescentes, assim como o '-güi', e nas três versões a vogal final é '-i' e o trio 'o/u/y' estar presente, podemos conjeturar que haja realmente essa possibilidade[14][15][16][17]. A palavra que se encontra nessa forma seria 'kui', que difere da palavra farinha pela oclusiva glotal: 'kuî' e 'ku´i'. Seria, possivelmente, uma variação dialetal própria da região, ou uma corruptela da palavra tupi 'po´i'. A ordem da evolução da palavra, seria, portanto, da seguinte forma: num primero estágio não haveria nazalisação da palavra 'po´in', pois esta já é nasal. Devido, porém, ao fenônemo de desnazalisação das vogais finais, do tupi para o português, esse som nasal se teria perdido, o que permitiria num segundo estágio que a palavra 'po´i' se torna-se 'mbo´i'. O próximo passo da adaptação da palavra seria a perda da oclusiva glotal, que é outro fenômeno que se observa na passagem do tupi para o português. Teriamos então 'temboi'. Como acontece em nhe´engatu, e em português também, o enfraquecimento da vogal '-o' para '-u'. Dai, o próximo passo seria a perda da bilabial nasal 'mb'. Derivaria então 'Timbui'. De 'timbui' para tingui seria questão de uma troca de consoante, semelhante à proposta por Tupiniquim Ramos para 'Paranavaí'. Para ele, 'Paranavai' seria oriundo de 'Paranãguay', que teria se tornado 'Paranavai'. Como caso isolado seria possível, que 'mb' se tornase 'ng'. Como referência, pode-se considerar a dupla kw/p em línguas indo-eruopéias[18][19][20][21][22]. Teriamos a seguinte linha:
                                        Timpo´i > Timbo´i > Timboi > Timbui > Tingui
Outra possibilidade seria a de que o nome fosse 'farinha de nariz', de 'Tim', nariz e 'ku´i' farinha. O nome do tuxaua, 'Tindiqüera', é, possivelmente, reflexo moderno da contaminação do som de 'ti'. Essa sílaba teria contaminado o -'güi' do tingui e feito-lhe em -'di'. A interpretação dada por Romário Martins é a de que Tindiqüera seria 'buraco de tingui'. Para que isso seja verdadeiro, haveria de, além da contaminação já citada, haver uma mudança vocálica, de 'kûara' para 'kûera'. Uma prova de que pode ter havido a contaminação, é a existência de bairros na grande  Curitiba com o nome 'tingüiqüera', como o antigo nome do municipio de Araucária[23][24].




Curitiba- Limites e rios.




Tuxaua Tindiqüera-Parque Tingüi
1-http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/tabelas_pdf/total_populacao_parana.pdf
Acessado dia 14 de março de 2011 às 12:12
2-http://pt.wikipedia.org/wiki/Curitiba
Acessado dia 14 de março de 2011 às 12:15
3-Idem
4-Fenianos, Eduardo. Portão - Fazendinha - Novo Mundo - Pode entrar
Univercidade, 19995-Idem 
6-Ibidem
7-http://ocatolicismo.wordpress.com/2008/01/18/nossa-senhora-da-luz-padroeira-de-curitiba/
Acessado dia 14 de março de 2011 às 13:00
8-http://tetamauara.blogspot.com/2010/12/paranagua.html 0
Acessado dia 14 de março de 2011 às 13:00
9-Idem ao 7
10-Idem ao 2
11-Idem ao 7
12-Navarro, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo
Petrópolis, Vozes, 199813-Acosta, Feliciano; Canese, Natalia Krivoshen de. 
Diccionario Guaraní Español Español Guarani.
Assunção. Instituto Superior de Línguas, UNA. 2006
14- http://pt.wikipedia.org/wiki/Tinguis
Acessado dia 14 de março de 2011 às 13:30
15-http://www.indios.info/ disponível na sessão Abanheenga do sul.
Acesso dia 14 de março de 2011 às 14:00
16-Stradelli, Ernano. Vocabularios da lingua geral portuguez-nheêngatú e nheêngatú-portuguez, precedidos de um esboço de Grammatica nheênga-umbuê-sáua mirî e seguidos de contos em lingua geral nheêngatú poranduua. Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro, Tomo 104, Volume 158, p. 9-768. 1929
17-idem ao 13
18-http://tetamauara.blogspot.com/2010/10/origem-do-nome-guaira-das-seis-bacias.html
Acessado dia 14 de março de 2011 às 15:00
19-Idem
20-Esse é um fenômeno comum tanto em nhe´engatu quanto em português. O enfraquecimento das vogais 'e' e 'o' faz com que, em português, existam anedotas como a de Carla Peréz, que afirmou que escola se escreveria 'iscola'. Em nhe´engatu temos como exemplo, o verbo iku > Ikó Nhi´ingatu > Nhe´engatu.
21-Ramos, RIcardo Tupiniquim. Toponímia Paranaense de origem tupi.
Cadernos do CNLF, Série V, no.08 _A Filologia Ontem e Hoje. 2001
22-Pode-se citar por exemplo, a relação entre o latim e o grego, em que equos = hippos, quinque = penta etc.
23-idem ao 15
24-http://www.cmc.pr.gov.br/aconteceu.php?aco=413
Acessado dia 14 de março de 2011 às 15:00

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