sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Introdução à gramática

O idioma Nheengatu, assim como sua contra-parte, o idioma paulista,
é um idioma da família tupi-guarani, do tronco tupi. Apesar das influências
portuguesas, e de idiomas africanos, a estrutura manteve-se essencialmente
tupínica. Nota-se, por exemplo, a manutenção das posposições, do tema
verbal prefixado, da partícula interrogativa. Assim sendo, mantém-se
relativamente próximo ao que foi o tupi clássico, aos diversos idiomas
tupis que ainda hoje são utilizados e ao guarani paraguaio, irmão em função e
origens do nheengatu. 

O nheengatu surgiu, assim como a língua paulista, do contato entre os exploradores
portugueses e os índios tupis que habitavam a costa e alguns pontos do interior do Brasil.
As relações entre os colonizadores e os nativos se davam de forma pouco recíproca.
Os portugueses navegavam sozinhos para o Brasil, solteiros, e se casavam com
as índias. Esses mestiços, filhos de pais portugueses e mães índias,
aprendiam o idioma de suas mães, e, por vezes, o idioma usado pelos pais
para se comunicar entre si. Desta união, nasceram os dois idiomas gerais, do sul,
e do norte. O do sul foi propagado por diversas plagas, levado pelos bandeirantes.
Isso explicaria, por exemplo, a existência de toponímias tupis em locais
habitados por guaranis, kaingangues, xetás, e outros. A área de abrangência
ia do centro-oeste do Brasil ao Rio Grande do Sul. Infelizmente, porém, extingüiu-se
com a proibição do uso dos idiomas gerais na coroa, decaindo rapidamente,
desde o decreto pombalino, até seu desaparecimento, no início do século XIX,
em um quilombo de minas. O idioma do norte, o Nheengatu, teve origem parecida,
mas ao invés de se passar por braços bandeirantes, propagou-se com a força da cruz.

Os jesuítas utilizaram-se do idioma para converter as diversas nações que haviam
ao longo dos rios amazonas, negro e solimões. Os relatos dão conta, inclusive,
de escravos que aprendiam antes o nheengatu, que o português. Essa conjunção
de fatores levou o Marquês de Pombal a proibir o uso do idioma geral na colonia,
e a expulsar os jesuítas, que dominavam o uso da língua. 

A probição Pombalina teve o efeito desejado, e os idiomas, em pouco tempo,
declinaram. Enquanto no sul, o idioma ia tornando-se escasso, e restrito a áreas
isoladas, no norte ia sendo empurrado rios acima. Segundo alguns cronistas,
o último falante do tupi paulista era um negro de um quilombo, no sul de Minas Gerais,
e teria morrido no começo do século XIX.  O idioma do norte mostrou-se mais vigoroso.
O último falante de nheengatu, na capital do amazonas, morreu em 1930, e até a data
de escrita desta palavra, existem cerca de 3000 falantes nativos, e apenas um
municipio brasileiro tem o nheengatu como idioma oficial: São Gabriel da Cachoeira. 

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